A “ROMANTIZAÇÃO” DO HOME OFFICE
31 de janeiro de 2021
Já nos grandes veículos, as mudanças do estúdio para significou uma nova possibilidade durante esse período de teletrabalho: a utilização de diversas plataformas que auxiliaram e ainda auxiliam os jornalistas até o momento de voltar às redações. O comentarista da Rádio Guaíba, de Porto Alegre, Cristiano Oliveira, não vê algo de positivo essa utilização do Home Office e que os veículos de comunicação ainda não intenderam as mudanças no jornalismo. “Eu vejo as pessoas falando do lado ‘bom’ da pandemia. Primeiro lugar: isso é uma grande palhaçada, não existe lado bom da pandemia. Não existe lado bom de perder milhões e milhões pessoas que estão morrendo no mundo inteiro. Isso é uma falácia, uma balela, ou alguém que quer ‘passar pano’ para o que está acontecendo. A pandemia está aí, nós não podemos negá-la ao contrário do pateta que dirige o país. Ao invés de negá-la nós precisamos admitir que ela existe e enfrentá-la. E a partir desse momento de enfrentamento, especialmente no meio jornalismo, pois deu uma ‘mexida legal’ com muitas pessoas. Primeiro pelo lado negativo porque muitas pessoas perderam o emprego por causa da pandemia. A questão publicitária diminuiu, automaticamente, sobrou para a linha de frente. Apesar da utilização da tecnologia no teletrabalho, para variar, os veículos não estão intendendo o que está acontecendo”, desabafou Cristiano.
Essas medidas de isolamento foram adotadas para evitar a propagação do vírus, porém, o Home Office também trouxe aos jornalistas muita pressão por parte dos seus chefes na busca por informações o que ocasionou muitos problemas de saúde – como depressão, cansaço ou crises de ansiedade. Dados divulgados pelo portal Comunique-se, em parceria com a Federação Internacional dos Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês), mostram que os jornalistas brasileiros convivem com o aumento do estresse e crises de ansiedade, além da diminuição da renda mensal em meio à pandemia. O que chama a atenção nessa pesquisa, é o número de profissionais brasileiros que responderam esse questionário online, chegando a um total de 22% das respostas (289).
Outro dado alarmante, este divulgado pela Fenaj, mostra que 61,25% (177) jornalistas afirmaram ter notado o aumento da ansiedade e estresse. Já os outros 26% (75), relataram perda de benefícios e salário. Eduardo Souza, também afetado com a falta de trabalho nesse período de pandemia, relata que muitos colegas tiveram que deixar de lado a profissão ou trabalhar como motorista de UBER para pagar as contas, devido à redução de salário.
Cristiano Oliveira, Rádio Guaíba
Não existe lado bom de perder milhões e milhões pessoas que estão morrendo no mundo inteiro.